Rocket Man

Querido Diário #59

Ora, ora, meu querido. Meu desabafo hoje é sobre o sentido da vida. Péra, ficaí, porque não pretendo divagar sobre frases feitas ou chegar à conclusão mais óbvia que qualquer romântico chegaria: aconteça o que acontecer, seja lá qual for a sua crença, o que dá sentido à vida é o amor.

Confesso que sou cristã, sou romântica e que realmente uso o amor para explicar nossa sobrevivência. Mas, o sentido da vida, de estarmos aqui amando, desamando, esquecendo, lamentando, sorrindo, chorando, não, não sei, infelizmente, para que serve tudo isso ou para onde tudo isso nos leva.

No entanto, nesse período de quarentena, essa questão nunca esteve tão em evidência. Arrisco-me em dizer que acordar tem sido um desafio diário. Há algo nefasto entre o abrir dos olhos e o breve vazio do levantar. A vida já foi bem mais dura conosco em outros momentos, sabemos disso. Mas, de repente, ela nunca pareceu tão sem sentido, enquanto hoje, nada parece mais importante do que poder respirar em liberdade. 

Talvez seja minha culpa, culpa sua, culpa do governo, culpa da ganância, culpa de Deus, culpa de Diabo. A gente coloca culpa onde quiser para tentar achar sentido em toda essa falta de ar que está nos asfixiando, mas, cá entre nós… com sinceridade, acho que não tenho nada com isso. Colocaram meu nome no meio.

Dizem que Deus tem planos. Dizem que escolhemos como será a nossa vida na Terra antes mesmo de nascermos. Dizem que há céu e inferno. Dizem que temos que ter fé, não importa o que aconteça, faz parte dos planos de Deus. Agradeça sempre, mesmo sem saber pelo quê. Dizem que o inferno é aqui. Dizem que tudo é consequência de vidas passadas. Mas, sinceramente, não lembro de ninguém ter me perguntado porra nenhuma. Minimamente, jamais escolheria perder um pai no auge dos seus 67 anos. Deixaria ele na minha vida até que a minha terminasse. Sem negociação. Teimoso do jeito que era, ele teria me dito “morro quando eu quiser…isso você não escolhe”. Bem, então eu não vou. Tô aqui de boa nesse lugar bacana…Vai você.

Bem… em “Nosso Lar” o lugar era bacana. Mesmo sem televisão

Já me perguntei se John Lennon, por exemplo, sabia o que estava fazendo aqui. Imortal e insubstituível para humanidade, sabe? Mas, eu? 

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Obrigada, Marco Túlio.

Que fique registrado que é uma honra. Talvez você também tenha dúvidas sobre o sentido da vida, mas, na minha, é felicidade que você traz.

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