Live and let die

Querido Diário #58

Ora, querido, pensei numa definição para o meu dia. Numa palavra resumida, acredito que foi, no mínimo, curioso.

Passei o dia me questionando sobre algumas posições que costumo tomar na vida. Já me culpei muito por ser isso ou aquilo. Mas, como diria Fábio Jr.: A gente é o que é. Por mais que várias vezes eu tenha sofrido por ser quem sou, preciso dizer que não vou mudar. Não por arrogância ou porque não aprendi com os erros. Eu simplesmente não consigo pintar o céu de outra cor.

Aprendo com alguns erros. Verdade. Reflito sobre minhas atitudes e até onde ela invade o espaço do outro. Não sou do tipo aceita que dói menos. Não. Ninguém é obrigado a me aceitar. Mas, se, por algum motivo, alguém é importante para mim, freio aquele eu que machuca o outro. E mesmo assim, muitas vezes não deu certo. E sempre achei que a culpa era minha. Completamente minha, porque absorvia toda culpa de qualquer relacionamento falido. Se eu fosse menos geniosa. Se eu fosse menos ansiosa. Se eu fosse menos qualquer outra coisa que eu sou, não teriam me deixado na chuva durante tanto tempo. Me deixaram lá, e depois de tanto tempo encharcada, eu saí. Sozinha.

Hoje eu me vi assim, super eu. Ansiosa, direta, sem vontade de esperar. E, como um filme, passaram algumas cenas fracassadas na minha cabeça. Não, as vitórias a gente não lembra, porque estão como troféus na estante. As derrotas a gente leva junto pra onde a gente vai, porque foram elas que nos deixaram sozinhas na chuva. A gente pensa em recuar, frear ou… ir devagar, não ir, parar, desistir, mudar.

Não sei se são esses 116 dias de quarentena, mas hoje, enquanto conversava com outro amigo sobre o meu dia, eu até me esforcei em me culpar, mas, não consegui. No meu discurso usei frases como “sei que faço essas coisas”, “sei que sou assim”, mas… eu estava no automático. Até sou adepta à procrastinação. Mas, felicidade, meu querido, eu não quero pra viagem. Então, por que tô botando a culpa em mim? O tempo do outro não é o mesmo que o meu, mas, nós, não adeptos à Terra plana, podemos muito bem discutir um tempo subjetivo, mas a ciência não me deixa mentir: o amanhã ainda não existe. Pra tudo mundo!

E isso não foi um insight momentâneo ou alguma injeção súbita de autoestima, amor próprio, positividade ou seja lá o que você queira chamar minha consciência.

Como diriam os sábios: Live and let die.

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