Home sweet home

Saí da casa dos meus pais impulsionada pela necessidade de ter um lugar onde eu pudesse me impor. Preciso ser chata, reclamar da vida, ter manias e liberdade de não gostar das pessoas. Coisas assim que a mãe da gente não deixa.

Não saí com aquela satisfação de liberdade que as pessoas costumam ter. A gente se acomoda com a segurança, e é difícil não ter a sensação de que alguém está cuidando da gente. Sempre achei que o dia que eu comprasse os móveis da minha casa seria um dos dias mais felizes da minha vida. Imaginei aquelas cenas de novela com uma música bacana de fundo e no final do dia, exausta, abrindo um champagne – que nem gosto tanto assim, mas faz parte da cena − no apartamento, no meio de caixas entulhadas. A cena real foi num shopping lotado num final de semana, andando de loja em loja pesquisando preço, com uma angustiante vontade de chorar. No final do dia, estávamos eu e meu irmão num restaurante, arrasados. A única sensação boa era do dever cumprido. Eu estava falida, mas já podia começar minha vida.

O quarto da minha filha foi o que primeiro cômodo que ficou pronto. Toda hora eu entrava e admirava meu trabalho. Nossa separação oficial… Não dividimos mais o mesmo cômodo. Agora ela tem espaço para seus brinquedos e também para começar sua vida mais independente.

O restante da casa foi pegando forma. Ganhei muitos presentes e muito carinho das pessoas.

Junto com a mudança veio o lançamento do meu livro. Oficialmente adulta. Oficialmente escritora. Dinheiro que é bom, só nas minhas cenas de novela, que gente acha que as pessoas realmente ganham a vida escrevendo. Bem, temos felizes exceções, mas vida de escritor desconhecido deve ser o mesmo que não ser Ronaldinho (o fenômeno) para quem joga futebol. Mas nas minhas cenas de novela eu brindo contratos milionários. No entanto, acredito que a gente sempre pode realizar parte desses sonhos… O começo pode ser a compra das taças…bem, logo depois que eu comprar meu aparelho de jantar.

Agora eu cozinho, arrumo a casa e mato barata sozinha. Também faço as compras e pago contas. No começo, dormia com luzes acesas e só comia o que pudesse descongelar, já pronto. Me perdi na hora de comprar produtos de limpeza, e não sabia o que servia para quê. Não sabia o que estava caro ou barato. Não sabia que comprar aquelas besteirinhas (biscoitos, doces etc.) custa o dobro daquele bruto de todo dia, e dura uma semana…e que se eu fosse viciada em Pepsi, sairia mais barato.

Minha casa hoje é o meu castelo. Meu castelo sem aparelho de jantar, com uma colcha que minha mãe não queria mais, um edredon que comprei em promoção na Leader, e, claro, nada de taças de champagne. Mas aqui dentro temos o mundo. Aprendi a fazer um monte de coisa que eu nem imaginava que poderia aprender. Recebo meus amigos, e muito bem, obrigada. Guardo encartes de supermercado e fico horas navegando em sites “cama, mesa & banho”. Tudo lindo. Tudo caro. Quero tudo.

Hoje vejo que ter uma casa é muito mais do que ter um espaço para se impor. É ter e ser sua própria família. Hoje também me sinto mais mãe, e minha filha, acredito, que muito mais filha.

5 comentários

  1. Rina Pri disse:

    to precisando de fazer isso tb, arrnajar o meu castelo. O problema é só a grana – a falta dela. O pior é q nenhum dos dois caminhos escolhidos – jornalista e prof de ingles – ajudam nisso…. comofas? beijo e tudibom no castelo novo :D

  2. clara disse:

    qdo eu crescer tb vou ter meu cantinho, loira… e vai ser quinem o teu: meu castelo!!

  3. Lina disse:

    Pensando bem, vc deve estar com aquela moderação antipática. Tsc. Sua cara. (No bom sentido). rs rs

    1. hahahahahaha eu tenho essa conta aqui há tanto tempo (só a conta mesmo) q nem lembrava mais q ela tava moderada…

      e quanto ao estar escondida… foi só pra exercitar um pouquinho…sabe como é…no MB é muita pressão!!! num quero mais escrever pra tanta gente!!! (hiihihihi)

  4. Lina disse:

    Diz que eu sou a primeira a comentar, diz? :-P

    Escondida aqui cadiquê, mulé?

    Mas, seja como for, ainda bem que voltou. ;-)

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