Vida após a morte

Dos meus 42 anos de vida, há dois meses vivo sem o meu pai. Ele teve uma série de complicações, inofensivas a princípio, que em uma semana debilitaram seu corpo – frágil pelo tabagismo -, que resultou numa parada cardíaca.

Não vivíamos na mesma casa há aproximadamente uns 5 ou 6 anos, mas nunca saí de perto. Minha casa é exatamente em frente à casa dos meus pais. Desses 42 anos, convivi com eles todos os dias da minha vida. Raríssima exceções por alguma curta viagem. Todos os meus aniversários, dos meus irmãos, dos nossos filhos, todas datas comemorativas.

Há dois meses minha mãe não convive mais com seu marido, juntos há quase 50 anos. Há dois meses eu e meus irmão não temos o nosso pai. Não vou enfeitar o texto mostrando o quão maravilhoso ele era. Ele também era chato pra caralho. Mas tenho certeza que ele cumpriu com muita competência o seu papel, com todo amor e dedicação que um pai deve ter. E hoje estamos aqui com a sensação de que a vida que a gente tinha acabou, e que daqui para frente é um tudo de novo.

Tenho a impressão que luto não é dor. Luto é um estado de espírito que vai além de todas as dores que você já sentiu ou imaginou que poderia sentir. É algo além das emoções. Não é tristeza… É falta de vida dentro de nós. A vida que tivemos até hoje, morre. Eu já havia perdido algumas pessoas muito queridas, mas nunca alguém que fazia parte de mim. Já tive perdas materiais e emocionais. Já me senti humilhada, devastada. Já fiquei sem esperanças, sem direção, sem amor. Mas, nunca, nunca havia me sentido sem vida. No entanto, existe vida a nossa volta. Tudo continua igual e nada parou de funcionar. Só você.

Lidar com o mundo passou a ser um (re)aprendizado. As pessoas perguntam se está tudo bem. Costumo dizer que sim, mas a verdade é que eu não faço a menor ideia. Eu tenho que reconceituar minha vida pra saber.

Nós fomos imensamente acolhidos pelos amigos e familiares. Minha mãe recebeu visitas a semana inteira. Particularmente, rejeitei tentativas de aproximação: telefonemas, encontros, visitas, mensagens. Algumas respondi, mas, de todo coração, não sei qual foi o critério. Sei que muitos, se pudessem, até me pegariam no colo… Mas, eu só queria ficar sozinha e em silêncio.

Porém, existe um outro lado das boas intenções, que não posso deixar de alertar. Talvez por não saber ao certo o que nos dizer, alguns recorrem às religiões para tentar nos consolar. Preciso lembrá-los que geralmente os enlutados têm sua própria religião e estão lutando com ela. O melhor é dar um abraço e se mostrar solidário e amigo. Não chova no molhado, mesmo que seja de coração ou porque não encontrou palavras melhores. Não sabemos os planos de Deus, mas foi melhor assim. Deus sabe de todas as coisas. Ele agora está melhor. Com o tempo você se acostuma. Lembro de estar sentada na calçada de casa chorando, uma vizinha que não conheço muito bem, parou para me dar um abraço e dizer que meu pai era muito querido, que lamentava muito, mas que, por favor, era pra eu parar de chorar, porque era muito pior para ele se desligar da Terra. Tá bom? Tá bom. (TEU CU)

É verdade também é que a gente perde um pouco a fé, mas isso faz parte da falta de vida que disse ali em cima. Eu acredito em Deus, e quando tenho oportunidade, falo da minha fé. Quando meu pai faleceu, eu disse para Ele que não me revoltaria como muitos fazem. Disse que estava ciente de que um dia eu passaria por isso, que essa era a lei da vida e que nosso (eu e Ele) relacionamento ainda estava de boa. Só que… levei mais de um mês para falar com Ele de novo.

Há dois meses eu choro todos os dias, por motivos diferentes. É uma readaptação muito lenta. Tentamos não nos deixar levar e também a tentar lutar por nós mesmos. Eu ainda falo dele todos os dias, mas sem medo. Lembrar e falar do meu pai JAMAIS deverá ser uma tristeza. A saudade esmaga a gente e é com ela que a gente luta.

Tenho lido alguns livros que falam sobre espiritualidade. Curiosidade de saber como ele pode estar “vivendo” num outro lugar. Se pode nos ver ou estar por perto. Se está bem, se está feliz, se estão cuidando bem dele.Ninguém e nem nada nesse mundo pode censurar o meu choro, mas entendo que, independente de religião, o melhor, inclusive para nós mesmos, é lembrar dele com muito amor e alegria. É muita pretensão achar que cuidaríamos melhor do meu pai, mas mesmo assim sempre peço a Deus que cuide bem dele por nós, e que transmita todo amor que a gente sente.

Enquanto isso, por aqui a gente tenta manter o seu legado. Queria contar pra ele o que a gente tem feito. Aliás, pai, hoje eu coloquei o rejunte no box. Aquele que você deixou aqui e disse para eu fazer porque era facinho. Fiz igual a minha cara. Você faria melhor, mas… nosso lema é fazer mesmo sem saber, porque no final Deus ajuda e a gente sempre acerta. Ou não. :-P

Às vezes penso que poderíamos ter feito diferente. Todas as vezes que ele foi ao médico e este determinou repouso, que deveríamos ter arrumado um jeito de amarrá-lo em algum lugar. Ele subia na casa pra olhar a caixa d’água, ia à mercearia e trazia peso, mudava os móveis de lugar, ia bater perna na rua. Não adiantava brigar. Ninguém mandava nele. O que me consola é que ele sempre foi dono da sua vida.

A morte existe.E ela não leva apenas quem se foi. A gente fica aqui num tipo de realidade paralela, reaprendendo, reconceituando, sobrevivendo.Sei que vai chegar um dia que não teremos aquela pontinha de angústia ao reunir toda família. Sei que nossos filhos darão (mais) sentido às nossas vidas, ao nosso trabalho, às festas e em algum momento tudo volta algo que seja próximo ao “normal”.

Às vezes quero acordar desse pesadelo, que se tornou vida.

Que Deus nos ajude a voltar a sonhar.

Prefiro evitar a fadiga

Não, eu não me importo se eu ligo e não atendem. Não me importo se mando uma mensagem e não respondem. Desde aquelas que levei 3 horas escolhendo palavras para enviar duas linhas – e recebi “risos” como resposta, e nem era engraçado – , até às mais ignóbeis. Não me importo se dei muita atenção a algo que só me trouxe frustração. Às vezes até acho que a vida é uma merda, e que pena que o mundo não gira em volta do meu umbigo, mas… prefiro evitar a fadiga.

Não destrato atendentes imbecis. Aliás, não destrato imbecis no geral. Não pela minha superioridade intelectual, não porque sou cristã, não porque sou paciente. Apenas prefiro evitar a fadiga. Em tempo: infelizmente nem sempre dá para falar o que se tem vontade… Mas, se você falar primeiro, eu topo.

Ponto de vista. Não faça como eu: não tente defender, porque é a maior perda de tempo de todos os tempos. Ninguém muda de opinião. Ninguém muda o comportamento. Ninguém muda. Aliás, eu não mudo.

Jamais sou mal educada. Nem em dias quentes. Pode ser que um dia eu não consiga medir as palavras, como de costume. Pode ser que um dia eu seja direta ao invés de dizer que seu ponto de vista é interessante. Pode ser que eu já tenha usado todas as palavras educadas do meu limitado vocabulário, e que a vida só tenha te ensinado a ouvir na porrada. Mas, sinceramente, eu prefiro evitar a fadiga.

Babaquice. Contando que não me inclua, tô só observando. Chato é que todo babaca gosta de atenção.

Sabe, eu tenho muita conta para pagar. Muita. Por três motivos: primeiro, porque sou descontrolada. Segundo, porque eu acho que sou milionária e essa sensação nasceu comigo. Terceiro, porque eu realmente preciso. Então, enquanto alguém não responde uma mensagem, não me atende, me trata mal ou fica de babaquice, eu estou recebendo uma conta para pagar. Só nesta frase já foram quatro. ISSO me consome.

Em resumo, tento fazer da minha vida um extrato simplificado. Só presto atenção no saldo. Fiz essa analogia ontem no boteco. Sei que vocês perceberam… Mas, me achei muito inteligente.

No entanto, há os dias que por mais que eu tente não compactuar com o caos que a gente costuma ser, não dá certo. Sabe por quê? Porque, infelizmente, eu não sou imune. Impossível não se importar por tanto tempo com aquilo que me agride. Por mais que eu tente varrer o lixo, ele existe. Por isso, evite ser um imbecil, mal educado, babaca e insensível perto de mim. Me dá aí uns quinze dias. Não ando evitando a fadiga.

Ronaldinho, meu amor…

Veja bem, não tenho absolutamente nada contra jogadores de futebol, e acredito, sinceramente, que você seja uma pessoa linda por dentro, mas tenho certeza que minha cabeça está completamente fudida a partir do momento que sonho com você como amor da minha vida.

Sabe, trabalho para o Governo do Estado do Rio de Janeiro, e esta semana foi puxada, querido. Sou professora. Ah… sabia não? Pois é. A gente tá lá dando aula, não sei muito bem por que, não sei muito bem pra quem, não sei muito bem como. Se já não bastasse todos os problemas que temos, Governador agora mandou todo pessoal de “apoio” ir embora. Então, agora é noiz sozinho, tudo junto e misturado. Abriu a porta dos desesperados. Falta gente pra limpar, pra cuidar das crianças pelos corredores e pátio. Só não falta gente pra tomar conta da vida da gente, porque assim seria demais, né?

Há mais ou menos uns dois anos tô medicadinha. Aluno manda geral tomar no cu e quer mais que você, sei lá, morra. Mas Governador quer resultado. Vamu lá, galera! E não faz greve não, vagabundo. E não passa o moleque não, pra você ver só. A mãe quebra a escola, manda todo mundo se fudê e Governador tira (mais) seus direitos. Corna. Toma esse remedinho! Não infarta, não!

Amor, desculpa, mas queria ter sonhado com o Gianecchini. Desculpa mesmo? Sério. Você é uma pessoa linda, maravilhosa, e merece alguém que te ame de verdade. O problema não tá com você, tá comigo…

Deixa meu sonho, vai? Deixa outro amor entrar. Tô aqui só pelo dinheiro.

<3

Um amor de qualquer jeito

Ele era assim, o amor da minha vida. Despertava em mim todos sentimentos mais nobres. Eu não tinha medo. Não tinha medo de ser eu, de ser julgada, porque eu sabia que ele amava minhas chatices e esse meu gênio do cão, quer dizer, amava, digamos, essa minha TPM prolongada. Não éramos nada parecidos, não completávamos frases um do outro e eu nem fazia a menor ideia do que ele poderia gostar de presente de Natal, além de mim, claro, e minha falta de modéstia. Ele me amava, ora. Ele me amava do jeito que eu sou. E eu amava o jeito que ele me amava.

Mas eu não sei amar quem me ama, porque eu simplesmente não sei amar ninguém. Não sei amar o jeito que elas são. Não aceito pessoas que não têm compromisso ou não assumem suas responsabilidades. Não aceito egocentrismo. Não aceito pessoas que não pensam primeiro no outro, porque eu posso fazer o que quiser da minha vida, com o meu corpo, com a minha saúde, mas o som alto incomoda o vizinho. Não aceito amor demais, porque me sufoca. Amizade demais me sufoca. Bondade demais me sufoca. Atenção demais me sufoca. No entanto, amor de menos me deprime. Amizade de menos me frustra. Bondade de menos é maldade. E falta de atenção é abandono.

Ele me amava demais, mas era amor que cabia em mim. Amor que não transbordava, e nem faltava. Era aquele amor que me envaidecia, que me curava e desarmava. E eu o amava muito. Muito. Muito. Muito que transbordava. Em mim.

Não é fácil lidar com o que dá certo. Não é fácil amar direito, porque problemas, mesmo que não existam, a gente inventa. E eu não sei amar ninguém, lembra? Por que isso, por que aquilo, isso não está certo, isso me irrita… Mas ele sempre tinha as palavras certas, nos momentos certos. Sem sarcasmos, sem ironia, sem brigas, sem culpados. E pela primeira vez na vida tive a sensação de que não importava saber amar direito…a gente tinha que amar a pessoa certa.

Um dia a festa acabou, a luz apagou, e eu não conhecia nenhum José. Ninguém conseguia me explicar o que havia acontecido. Naturalmente eu ainda não sabia amar direito. Ainda não aceito as pessoas do jeito que elas são. Não aceito boas intenções. Não aceito verdades construídas em cima de mentiras. Não aceito imperfeição. Não compro o rasgadinho que não aparece.

Não importa o que aconteceu. Não importa de quem é a culpa. Não importa quem apagou a luz. Importa?

Hoje somos meio oi, meio tudo bem, meio o que tem feito de bom.
Viramos assim, amor de qualquer jeito.

Coisas da vida. Coisas de amor de linhas tortas.

Casinha branca

Às vezes você constrói uma casa. Tudo pensado com carinho. Cada cômodo, cada mobília… Você quer sua casa aconchegante, quer receber as pessoas que ama, quer ser feliz.

Com o tempo você vai percebendo que a casa é quente. Percebe que os móveis trazem desconforto por causa do calor… O fogão não está muito bom… Ou a comida fica crua ou queima. Com o tempo aquela casa se torna um pesadelo… Mas é a SUA casa. A casa que você levou tempos para construir… Então tudo é uma questão de paciência. Você compra um ar-condicionado, reforça as telhas, faz uma piscina. Todos os dias você cozinha na esperança de desta vez vai dar certo…se já deu uma vez, por que não vai dar de novo? Mas não dá…ela queima de novo ou ficou crua de novo. Você não entende por que o ar-condicionado não funciona direito. Talvez seja a instalação mal feita. Talvez seja defeito de fábrica… Mas você espera. Vai ver o dia estava muito quente.

Com o tempo a sua casa só te dá tristeza. Mas é a SUA casa. Você não quer vender… Você construiu com tanto carinho… Vai ter um jeito. O tempo vai melhorar. Você vive cada dia… Não dorme, não tem mais paz. Mas você espera, porque o tempo vai melhorar. A comida você vai acertar. Deixa o carpete, porque por mais que 90% dos dias sejam quentes, vai chegar pelo menos um dia de frio.

Você espera o frio. Você espera o tempo da comida. Você pensa em mudar… Você pensa em vender… Mas é a SUA casa. Todo trabalho, todo esforço… Não é justo. Você tem pena de se desfazer do que construiu. E você já se esforçou tanto… Você gastou tudo que tinha. Você tenta todos os dias, mas aquela casa não te faz mais feliz. Não é mais aconchegante. Não parece mais com você. Por quê? Você fez de tudo… Colocar à venda? Melhor esperar alguém que se interesse. Você não pode deixar tudo para trás… São suas esperanças… sua casa…sua vida.

Um dia você acorda suada, com fome e doente.
Escuta…Vai embora…Vai embora! Não adianta… Tudo que você poderia fazer, você já fez. Não espere o tempo melhorar. Não espere a casa voltar ao que era…Você já tentou… Talvez por falta de sorte… Não importa. Vai embora…Não fique com pena do dinheiro que gastou. Não fique com pena das noites sem dormir. Não lamente todo esforço. Vai embora! Mesmo que não tenha para onde ir. Não tente mudar os móveis de lugar. Não tente consertar o que quebrou. Não pense mais no que você pode ter feito de errado… Vai embora! Vai embora agora! Não leve nada com você, não olhe para trás…saiba desistir do que te faz infeliz.

Pessoas vão dizer que você não se esforçou.
Vão dizer que poderia ter tentado mais.
Vão dizer que a culpa é sua, porque não ouviu quem entendia mais que você.
Vão dizer que a culpa é sua, porque você é teimosa.
Vão dizer que a culpa é sua, porque você tinha que ter feito diferente.

Algumas pessoas vão te apoiar, mas nenhuma vai te oferecer abrigo.
Outras não vão saber por onde você anda.
Muitas não vão saber o que te dizer.

Só você pode se ajudar.
Só você sabe o que é melhor para sua vida.
Só você sabe de suas dores.

E só Deus vai te dar forças para começar tudo de novo.

05/03/2007

Ser ou não ser…

Da última vez que fiquei sozinha em casa me senti gente grande. Fui ao boteco da esquina e comprei um engradado de Ice. Calorzão, casa só para mim, eu, meus pensamentos e Ice. Combinação perfeita para relaxar e deixar a imaginação fluir. Tinha esperança de criar algo sensacional, refletir sobre a vida, existência, paz, amor…algo meio Bob Marley com 5% de álcool.

O resultado disso foi que não escrevi UMA linha, e achei que todas as pessoas do mundo estariam morrendo de vontade de falar comigo ao celular. Não lembro de alguém ter atendido. Talvez porque era madrugada. Talvez porque era Carnaval. Ou talvez porque não queriam mesmo…afinal, o que os ex teriam que ouvir de mim naquele momento tão…tão…inusitado – ou seria inconveniente?

Também vomitei o quarto e o banheiro. Oh, céus. Fiquei deitada na cama me sentindo uma lombriga bêbada e fedida. Achei que morreria sozinha. Pouco digno para uma mãe de família morrer, porque bebeu sozinha, e PIOR: ICE. Aliás, humilhante. Aliás, adolescente.

Hoje estou sozinha em casa. Ao contrário da última vez, permaneço uma mãe exemplar, que passou o dia e a noite inteira deitadinha assistindo aos filmes debaixo de um aconchegante edredom. A chuvinha lá fora conforta ainda mais o cenário. Em momento algum pensei em ser gente grande de novo, digo, adolescente. Pensei em me olhar no espelho para ver se me animo ou reconheço que devo voltar a me cuidar. Conforto é bom, no entanto, se sentir bonita também faz bem. Mas, cá entre nós, estou com preguiça de olhar…sei que vai dar um trabalho danado, e aqui tá tãããão quentinho.

Vou lá ler um pouco mais, para pensar um pouco mais, para ver se existo um pouco mais.

Vô varrendo

Estou aqui pensando em mil coisas ao mesmo tempo. Nem sei se dou conta de tanto pensamento. Queria férias. Não como mãe ou como profissional… Queria só férias da rotina, dos costumes, das paisagens, do clima, das pessoas. Mas, ao mesmo tempo preciso fazer minha mudança (sim, de novo!). Empacotar, desempacotar, arrumar, gastar dinheiro.  Tenho que lidar comigo sem remédios… Sim, porque eu decidi que penso melhor sem remédio. Mas não é que o mundo fica MUITO PIOR? As pessoas ficam mais burras, eu me sinto mais agredida, e muito mais inútil. COMO alguém consegue ser  um ser pensante, sem a possibilidade de exercitar? As pessoas falam de Deus, do Diabo, da fome…e elas mesmas NEM SE CONHECEM. E o Facebook? Conseguiram tornar laços de amizade num mural de horrores, piadas sem graça e “formador” de moral. Não existem palavras para tanta gente idiota junto. Não satisfeitos, formam imagens. Outro dia eu estava assistindo um documentário sobre a origem do universo. Vocês sabem que toda essa informação vai morrer comigo, não sabem? Não que tenham que aprender, mas aqueles poucos minutos que exercitei minha mente serviram para eu procurar um armário de cozinha mais barato, porque tô precisando. Oh, céus…tire de mim esse mau humor, porque isso só envelhece. Alguém lembra do meu déficit de atenção? Então, vamos separar em parágrafos, organizar o pensamento…começo, meio e fim, pra ver se alguém entende? NÃO QUERO!

Acabou a história.

Capiche?

Hoje eu estava lendo uma crônica sensacional do Mário Prata onde ele dizia que assim como os adolescentes são uma preparação para maturidade, também existe os envelhescentes que são uma preparação para velhice. Ambos são irritadiços, se enervam com pouco, acham que já sabem de tudo e não querem palpites em suas vidas.

É isso. Estou envelhecendo e ninguém tem nada a ver com isso. Uma envelhescente assumida. Claro que algumas coisas assustam, como: cabelo branco, flacidez, rugas…mas queria um manifesto pelo direito de envelhecer em paz com a minha bengala. Esteticamente a gente vai dando um jeitinho, mas se tem uma coisa que tenho certeza na minha vida envelhescente é que NINGUÉM sabe mais de mim do que EU. Sobre mistérios do universo posso opinar, mas sobre mim eu sei falar. Sei quando é verdade, sei quando é mentira e sei me enganar, me sabotar e fingir que não estou me vendo. Facinho.

Quando era adolescente eu tinha vontade de aprender italiano, mas, claro que todos achavam a coisa mais imbecil do mundo, afinal, quem vai correr o risco de não aprender o inglês? PRA QUÊ você quer aprender italiano? Não fazia a menor ideia da utilidade, mas eu queria ter o prazer de falar. Claro que me “forçar” a fazer o cursinho de inglês foi para o meu bem, mas o fim dessa história foi que detestei o idioma, e hoje não falo nem uma coisa e nem outra. Se perdi a utilidade, nunca saberemos… Mas que perdi a chance de ter o prazer, ahhhh eu perdi.

Se eu tentaria aprender italiano hoje? Seria lindo para minha biografia, né? Mas, nem morta. Enjoei de estudar. Se um dia eu for para Itália, vai ser um charme pessoal tentar me comunicar através de gestos e bordões que aprendi com um monte de novela das oito. Ou com o inglês que aprendi assistindo aos filmes americanos.

PUT THE GUN DOWN! Adoro esta frase.

Quando era adolescente também achava que ninguém tinha o direito de mandar em mim. Hoje, envelhescente, tenho certeza. Essa é nossa diferença e nossa conquista. Mas, poxa…é assim? Vai desistir tão fácil? Não quer continuar aprendendo, estudando? Amiguinho, ó, prestenção: foda-se. Eu nunca quis aprender a dirigir, e agora acho que está na hora. A MINHA HORA. No dia que eu cismar em fazer qualquer coisa, mesmo que (supostamente) não sirva pra PORRA NENHUMA, também vou fazer. Ano passado cismei que ia fazer uma pós em Filosofia. Até comecei, mas o mundo caiu na minha cabeça, joguei tudo fora, e agora estou na fase de reconstruir. Essa sou eu, cáspita. Não sou autossuficiente, respeito e admiro meus amigos e suas opiniões, mas, aos desavisados: respeitem meus cabelos brancos.

E não insistam. Carne de pescoço, capiche?

Eu, Monalisa

Meu olhar autista e meu jeitinho quase charmoso de ser desligada transmitem um ar fascinante, acredito. Não sou tão bobinha quanto normalmente me descrevo, mas com certeza não sou tão esperta quanto pareço. Às vezes nem eu consigo acreditar que esse meu olhar de paisagem seja tão enigmático.

Sabe comédia pastelão, onde o bobão é confundido com um a gente do FBI e os investigadores o levam super a sério? Não que eu seja bobona – afinal estou aqui hoje para ser Monalisa – mas chega a ser engraçado. Quantas vezes fui surpreendida por frases cheias de hostilidade, como se eu estivesse planejando conquistar o mundo, e eu não fazia a MENOR ideia do que estavam falando? Engano tanto assim?

Deixa eu contar um segredo: tenho déficit de atenção. Se você consegue ler um texto meu e acha que existe coerência e coesão, parabéns para mim, Monalisa, porque só Deus sabe o quanto foi difícil organizar as palavras, os parágrafos, o pensamento de forma que ele, o texto, seguisse a linha de começo, meio e fim. Acredita que às vezes demoro finalizar a leitura de um livro, porque, dependendo do dia, preciso ler o mesmo parágrafo mais de uma vez? As frases me distraem, e uma palavra é capaz de me fazer viajar pelo cosmos, de pensar na “morte da bezerra”, na Monalisa, menos no livro.

Sim, essa sou eu. Tenho um lado docinho que vocês não conhecem. Distraída, que não anda com pedras nas mãos e nem espero o pior do mundo. Eu, Monalisa, confundo as pessoas. Os que acham que me conhecem por aqui estão MUITO enganados. Sou tolerante (não disse paciente). Acredito quando se arrependem. Acredito em segunda chance, porque assim acredito em mim. Não aceito, mas entendo erros. Eu, Monalisa, pareço contraditória com tudo que já escrevi sobre mim até hoje? Talvez. Eu, impaciente, esnobe, arrogante, depressiva, estressada, mal humorada, apaixonada. Porém, entendam que quando falo com vocês é porque algo dói, machuca, incomoda ou destrói.

Quem vocês conhecem é alguém com pedras no sapato, não nas mãos.

Dia 19: Uma foto que defina sua maior qualidade

Ou não?

Uma carta

Sou amorosa. Há controvérsias, talvez.

Ou não seja esta minha qualidade notável. No entanto, ainda acredito que o amor revela seu remetente.

O destinatário é uma incógnita. O amor, apesar de ser a arma mais poderosa do mundo, nem sempre é eficaz. Quisera eu conseguir lidar com algo tão poderoso sem me machucar ou atingir quem nada tem a ver com minha falta de habilidade

Ninguém me conhece realmente a não ser aquele que sabe (ou aceite) receber o meu amor. Você pode me julgar de diversas formas: por ter atenção dispersa, por esquecer algumas datas ou dar a impressão de que “ela nem pensou em mim quando agiu dessa forma”. Sou muito, mas muuuuito julgada por coisas que eu nem sabia que estava fazendo. A lista é infinita, mas não acho que isso aconteça só comigo. Todo mundo, em alguma vez na vida se sentiu julgado, injustiçado por alguém que ame muito

Existem temperamentos, o certo ou errado, o que machuca mais ou o que nos torna mais felizes. Juro que me sinto aquelas meias que perdem o par. Talvez eu tenha uma forma muito peculiar de remeter o que sinto àquele que julgo ser meu par. Meus amigos são poucos, mas são aqueles para sempre. Interessante que eles entendem. Remeto-lhes meu amor de diversas formas, que são aceitas do jeito que sei lhes dar. Eles me amam também, lembram?

Sabe, fico pensando se sou tão forte ao ponto de aguentar o coração que tenho. Não sei se consigo sobreviver a tantos ataques sofridos ou de mantê-lo saudável do jeito que deveria ser. Mas, às vezes me pergunto se não é você que não tem coragem de enfrenta-lo. Sou fraca, mas ele – o coração – é destemido, advoga minhas ações e não se importa e nem tem medo de quem você é. É ele que te mostra que não sou defeituosa… apenas sou como você: cheia de defeitos. É ele que te olha quando estamos juntos e você nunca me entenderá se não olhar para mim da mesma forma.

O amor é muito perigoso para ser usado por qualquer um. Quero aprender a usá-lo sem borrar, sem excessos e encontrar um par de meias pintadas, quem sabe, por Monet? Algo que simplesmente me represente com doçura e que seja destinado àquele que se reconhece como meu precioso par.

Blá, blá, blá Wiskas Sachê

Durante a minha vida inteira me perguntei por que as pessoas não entendem uma palavra do que eu falo. Cresci, fiz Letras, aprendi a escrever e a escolher minuciosamente as palavras para que a semântica não me traísse. Aprendi a me expressar de forma correta, a escrever o que penso e sinto. Não existe vírgula errada, pontos ou parágrafos mal colocados…E mesmo assim, ainda hoje, ninguém entende uma frase completa.

Infelizmente a gente precisa que as pessoas aprendam a interpretar o que está à sua volta. Infelizmente, sim, porque o meu bem estar muitas vezes depende do que você interpreta sobre mim. É importante, sim, que as pessoas compreendam que você não é o que elas querem que você seja. Quando eu digo que estou magoada, eu estou magoada. Magoada não quer dizer frustrada, não quer dizer triste, não quer dizer coitadinha, não quer dizer com raiva, não quer dizer porra nenhuma que não seja mágoa.

Hoje, depois de uma simples frase bem dita, percebi que não é que as pessoas não entendam… elas simplesmente não ouvem o que não querem ouvir. Clichê demais isso. No entanto, isso deixa de ser clichê quando você se dá conta do que isso realmente significa.

Não adianta falar de honestidade com alguém que não tem. Não adianta usar todo seu português bem estudado ou simplesmente abrir seu coração e mostrar o quanto desonestidade te faz mal. Não adianta tentar sensibilizar as pessoas com aquilo que elas não conhecem. A máscara bem feita que elas usam para amenizar sua falta de honestidade, é a mesma que elas pensam que a gente usa para inventar um estrago.

“Não entro naquele carro idiota” e “não entro naquele carro, idiota” é a mesma coisa. It´s not a big deal!

Não perca seu tempo falando sobre (falta de) educação com alguém que não tem. Não adianta falar de felicidade com alguém infeliz. Não adianta você tentar compartilhar uma vitória com alguém que não seja bem resolvido. Do mesmo jeito que quem não tem filho não entende o esgotamento físico e emocional de quem tem.

Tentar conscientizar alguém sobre algo que ela nunca teve é muito blá, blá, blá Wiskas sachê…

Dia 16: Uma foto de quem te ensinou muitos valores